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sábado, 16 de julho de 2011

Escolas democráticas, uma utopia?


Na prática, o que vejo é a preocupação exagerada com os números de aprovação, de permanência do aluno na escola e outras questões que por si só parecem não resolver os problemas da Educação. Por isso, eu acredito que para não se tornar letra morta, é preciso (re)discutir a postura da escola frente a construção e vivência de seu projeto pedagógico.
Para Moram (2000), a educação com qualidade está longe de ser realidade, pois são muitos os entraves que impedem a sua efetivação. Conforme o autor, é necessário que a Escola transforme suas ações (que parecem estar baseadas num modelo de gestão industrial, para uma perspectiva da informação e do conhecimento) e que os envolvidos no processo educativo aprendam, conjuntamente, para a vida, o que justificaria a necessidade de não separar a teoria da prática.
Essa é uma discussão que já vem sendo feita há bastante tempo, mas não deixa de ser atual, pois ainda há muito a se fazer (dizer), se desejarmos uma escola democrática – preocupada com as condições físicas e com aspectos quantitativos, mas principalmente com a possibilidade de aprender de forma holística.
Levando em conta o caráter histórico da construção e imposição das ideologias das classes dominantes sobre as camadas populares, poderia dizer que há muito somos desafiados. Os resultados em educação não são vistos em curto prazo, mas acredito que essa utopia é realizável: uma educação transformada e transformadora. Uma das questões práticas que se coloca aos professores é que precisamos melhorar os ecossistemas comunicativos nos espaços educativos. Viabilizar e melhorar o diálogo entre os membros da comunidade escolar – penso que a escola deve caminhar junto às igrejas, associações de bairro, utilizar as redes sociais, etc., se deseja alcançar os seus objetivos. É uma luta que é travada historicamente e nos traz exemplos de que é possível conquistar direitos e fazê-los valer.
Talvez não fosse possível a escola mudar tudo, mas é preciso posicionamento político e social de cada membro da comunidade escolar para transformar as estruturas sociais. As ideias freireanas podem nos ajudar a compreender esse processo, a pensar o lugar social dos que fazem a escola e o poder de mudança que as pessoas têm (dialeticamente - transformando e sendo transformadas). Há pouco mais de nove anos leciono na educação básica (sei que muito pouco em relação a alguns) e uma das coisas que parece mover as nossas ações no campo da educação são as utopias – os sonhos realizáveis (ou pelo menos o que acredito que pode ser posto em prática), são desejos, ideais. Penso que se não agirmos de modo crítico e motivar os alunos e alunas a fazerem o mesmo, realmente, não teremos como melhorar a educação, nem a vida das pessoas (principalmente, as que mais precisam).
O conceito de educação democrática não é o mesmo que uma educação sem problemas ou perfeita – mas construção diária de um espaço de diálogo como parte das ações necessárias para construção de um mundo educador, mais justo e igualitário. Não sei se conseguiríamos apresentar um modelo de escola democrática que servisse a qualquer realidade em qualquer época, por isso, há necessidade de discutirmos sempre esse conceito. Quem sabe podemos chegar a alguma caracterização que seja importante.
Diante disso, posso dizer que acredito que há salvação para a educação; não podemos desistir frente aos determinismos, que às vezes nos fazem pensar que os fatos sociais já estão pré-determinados. É preciso acreditar numa mudança, uma reordenação das perspectivas no campo do conhecimento para desvendar a realidade social e aplicar de modo ético o saber construído – levando-se em conta a heterogeneidade humana e as possibilidades de unir teoria e prática. Criando oportunidades para o acesso a informação, à emancipação social dos sujeitos, estimulando o senso crítico frente a valores hegemônicos de ocidentalização difundidos nas mídias durante décadas.
Uma luta travada diariamente...
Geovani


Referência
MORAN, José Manuel. Ensino e Aprendizagem Inovadores com Tecnologias Audiovisuais e Telemáticas. ___________In: MORAN, José Manuel; MASSETO, Marcos T. e BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. São Paulo, Editora Papirus, 2000. p 11-65.

8 comentários:

  1. Olá Geovani...
    Amei teu blog... bem esclarecedor e reflexivo, pois os profissionais da educação ( a meu ver!) necessitariam de reciclarem (também!) os próprios valores perante as tecnologias disponíveis. Infelizmente vejo muito comodismo e não o dinamismo desses profissionais, educar é aprender também, é ter este "tesão" pelo "por vir" é o que falta. Me sinto à vontade pra falar sobre o assunto, me perdoe a ousadia! Você é uma RARA exceção! Parabéns pelo blog, e excelentes informações por aqui.
    E através daqui do teu blog acessei um assunto que precisava.Legal né?? rsrs

    Grande Abraço querido, e volte lá no blog sempre que quiser,e fique à vontade, pois aceito crítica, me faz crescer...

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  2. Oi, Lecy'ns, muito obrigado por sua visita e pelas palavras de incentivo!
    Este espaço foi criado para que você (e todos os que se sentirem à vontade) pudesse (m) opinar - o que você colocou sobre a necessidade de reciclagem é bem oportuno.
    Grande abraço também e volte sempre!!
    Geovani

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  3. Olá Geovane,
    Gostei muito desse tema,realmente o mundo
    passa por mudanças,por isso nós professores precisamos termos competência e conhecimentos para essa compreensão das mudanças e essas competências são aprender,
    ter curiosidades,criar,renovar,questionar, trabalhando todos em cooperação,isso sim, acredito ser democracia,todos unidos por uma só causa, que é ter melhor qualidade de ensino para nossas crianças.
    Realmente Moram (2000) está correto quando diz que a qualidade de ensino está longe da realidade,mas eu faço ela ser diferente, porque eu acredito em mim, na minha capacidade, e sei que como uma boa educadora ,posso fazer uma grande diferença na vida de uma criança.
    Então não vamos procurar culpados,vamos agir!
    Ficaria muito feliz se pudesse fazer um visita em meu blog.
    um grande abraço

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  4. Oi, Cláudia, seja bem vinda ao nosso espaço de discussões. Visitei e estou seguindo o seu blog. Obrigado pelas intervenções, gostei muito!
    Abç

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  5. Geovani obrigado pela visita e estou feliz por estar me seguindo, mas queria te pedir desculpas por ter escrito seu nome de maneira errada.
    Um ótimo final de semana para você.
    Abraço

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  6. Nem percebi, kkkk.
    Não tem problema.
    Abraço e volte sempre, será um prazer ter você por aqui!

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  7. Oi Geovani, adorei ler o teu blog. Também sou docente e vivo a minha profissão com o meu coração. Por isso todo o dia procuro refletir sobre o meu trabalho e as consequências dele. Sou portuguesa e sinto-me presa nesta terra, porque não vejo que os esforços que se têm feito para melhorar estejam realmente no caminho da melhoria... Preciso constantemente de estabelecer diálogo, contatos com quem viva a educação da mesma forma e isso não é simples, porque todos querem pensar o menos possível. No fim fica tudo na mesma e ainda há quem se dê ao direito de criticar a "postura do aluno".
    Assim que puder acesse também o meu blog.
    Abraço

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  8. Qualidade será que existe mesmo? Estamos em tempo de perguntas fortes,e respostas fracas... A escola já perdeu seu poder já faz um bom tempo. Para que utopia renasça, é preciso a confiaça no potencial humano a vontade de mudar o lugar onde pronove a educação. A escola esta em uma crise, por nao saber lidar frente a uma sociedade tecnologica. Não adianta só falar, sí não contribuir para que o ensino mude. Sabe o governo só esta precupado com numeros, de mostra ao mundo que a nação desenvolvida.

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