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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

As mudanças que as novas tecnologias da escrita ofertadas pelo computador e pela Internet imprimem no meio educativo.

Apesar de parecer um lugar comum, é preciso salientar novamente que a escola precisa estar pronta para as mudanças que ocorrem na sociedade. Uma delas é o modo de linguagem apropriado às novas tecnologias. Não basta rotularmos como novo o que temos em termos de linguagem em uso nos espaços disponibilizados nas novas mídias; seria mais oportuno afirmar que se trata de uma forma diferente de dizer o que se pretende.


Com o advento do computador e da internet, surgiram novos modos de organizar o discurso. Até pouco tempo, a forma mais rápida e comum de comunicar-se com alguém à distância era a carta ou o telegrafo. Hoje, em poucos minutos, pode-se escrever uma longa mensagem que será recebida em segundos em qualquer lugar do mundo.

Apesar de não ser necessário usar uma linguagem culta, se comparada aos emails, na carta escrita teríamos bem mais cuidado com a linguagem e o modo de dizer alguma coisa. A linguagem do email é bem mais despreocupada, cheia de abreviaturas; sem levar em conta que é possível anexar fotos ou outros tipos de documentos que facilitarão a comunicação. Além do email, temos os bate-papos, sites de relacionamento – MSN, Orkut, etc. Estamos diante de uma nova forma de comunicação – mas é bom destacar duas idéias relevantes em relação a essa temática: prevalece a necessidade da escrita e o nível de interação em alguns desses modos de comunicação se faz de maneira mais interativa. Citado por Marcuschi, Criystal apresenta aspectos sobre “o papel da linguagem na internet e o efeito da linguagem na internet”:

(1) “Do ponto de vista da linguagem, temos uma pontuação minimalista, uma ortografia um tanto bizarra, abundância de abreviaturas nada convencionais, estruturas frasais pouco ortodoxas e uma escrita semialfabética;

(2) Do ponto de vista da natureza enunciativa dessa linguagem, integram-se mais semioses, do que usualmente, tendo em vista a natureza do meio;

(3) Do ponto de vista dos gêneros realizados, a internet transmuta de maneira bastante radical gêneros existentes e desenvolve, alguns realmente novos. Contudo, um fato é inconteste: a internet e todos os gêneros a ela ligados são eventos textuais fundamentalmente baseados na escrita. Na internet, a escrita continua atual.” (Marcuschi, 2009, p 199)

Para Crysal apud Marcuschi, a internet é uma revolução da linguagem, mais do que uma revolução tecnológica. Para Marcuschi, “a comunicação mediada por computador abrange todos os formatos de comunicação e os respectivos gêneros” (Marcuschi, 2009, 199). Apesar de possuir uma linguagem longe de um determinado controle sistemático, a comunicação via internet segue os modelos da linguagem escrita/oral e dos gêneros sociais. Privilegiando a linguagem escrita, a comunicação virtual dá nova roupagem aos gêneros textuais.

Não é possível à escola, se desejar alcançar o estudante, ficar aquém das novidades. Primeiro é preciso que haja interação do professor com as novas formas de se comunicar, depois é preciso ter em mente e deixar claro para o estudante que a linguagem deve ser adequada à situação comunicativa. Até um email enviado por um empregado de uma empresa ao seu gerente deve possuir uma linguagem mais culta. É papel do professor orientar os estudantes sobre a melhor forma de escrever um email, de se comunicar no bate-papo, de escrever um texto para ser colocado no blog. Isso também é uma questão social, envolve um gênero do discurso, um ato comunicacional. Como salienta Marcuschi, os gêneros sociais nas novas mídias “dizem respeito entre indivíduos reais, embora suas relações sejam, no geral, virtuais.” (Marcuschi, 2009, p 203).

As mudanças que as novas tecnologias da escrita nos oferecem servem para estimular o debate sobre a língua, sobre a comunicação - isso deve ser tratado no cotidiano, junto com o aluno, dando-lhe a oportunidade de inserir-se socialmente, tornando-se sujeito do seu próprio conhecimento.



Bibliografia



Marcuschi, Luiz Antônio.

Produção textual, análise de gêneros e compreensão, São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

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