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domingo, 30 de janeiro de 2011

Filme: A máquina

                                                            
O objetivo deste trabalho é analisar o filme A máquina levando em conta a recepção. Adaptado para o cinema do romance de mesmo título da autora Adriana Falcão, procura envolver o telespectador convidando-o para um jogo de linguagens. O filme tem como atores principais nomes renomados da arte cinematográfica do Brasil, como: Gustavo Falcão, Mariana Ximenes, Paulo Autran, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Edmilson Barros, Aramis Trindade.

O drama acontece numa cidade até então desconhecida chamada Nordestina, na região Nordeste do país, mais precisamente no estado de Pernambuco.

O eixo temático principal da história parece ser a questão do Tempo. O Tempo, como ser entidade viva, capaz de ser manipulado, refeito, recapitulado. Começando por uma cena do final do filme, a história começa a envolver quando o personagem de Paulo Autran discute questões ontológicas; a origem de tudo, do próprio homem. Uma descrição com detalhes de religiosidade. Os temas secundários são o amor, a metalinguagem (cinema, propaganda, teatro), o êxodo rural.

Numa família de treze filhos, um deles parece ser especial por manter uma relação diferenciada com o Tempo. Na infância, o menino chorava o tempo todo, até que sua mãe faz uma reza e consegue, comunicando-se com o tempo (Tempo), fazer a criança parar de chorar.

Os filhos dessa mulher vão aos poucos lhe deixando para morar em cidades mais desenvolvidas. Apenas o personagem Antônio fica na cidade. Um lugar que não inspirava o futuro da maioria dos seus habitantes. Até a religiosidade parecia ter sido esquecida, com a figura da capela em ruínas.

Outros aspectos que seriam interessantes salientar é o jogo de palavras, numa atmosfera poética. A quebra da linearidade, com flashback e retornos do futuro, como o que acontece na volta do personagem Antônio ao viajar no tempo, ou quando se encontra com ele mesmo no futuro.

No texto Fundamentos Estéticos da Arte Aberta à Recepção, Monica Tavares (TAVARES, 2003) destaca a importância da relação do lúdico com a vitalidade expansiva proporcionada pelo jogo, como meio de favorecer a representação e consequentemente à recepção estética. Jogar com a sensibilidade do espectador, procurando mobilizar conhecimentos para o entendimento da obra, isto é proporcionado ao assistir ao filme: sensibilização do indivíduo que também está envolto no/com Tempo - passado, presente e futuro. Movido pelo desejo de um tempo melhor e a utópica possibilidade de voltar atrás às suas decisões. Somos convidados a refletir sobre as nossas ações e como podemos mudar o futuro se agirmos sobre o presente.

O amor também é uma questão presente no filme e de forma poética se apresenta, vencendo todas as barreiras e se estabelecendo com as forças do destino.

Conforme Tavares (2003), a beleza é proporcionada a partir do equilíbrio entre a forma e a realidade, espírito e matéria. Essa atividade é que constrói os sentidos. O filme dá as condições para que o indivíduo harmonize forma e realidade. Essa ação dá-se por intermédio da atividade lúdica, que não se enquadra numa visão única, mas rica de significações – o telespectador pode dar novas dimensões pessoais aos sentidos que parecem ser trazidos na trama, estabelecendo um novo papel para quem assiste a um filme – o de recriador da obra, que de modo interativo traduz o objeto.

Ao promover esse jogo, o filme apresenta a importância da materialidade e também da espiritualidade para construção do objeto artístico.

O autor do texto do filme A máquina foi feliz em seu projeto, pois soube mesclar a linguagem cinematográfica com outros campos do conhecimento. A própria Teologia, para explicar a origem do ser; a Filosofia, na análise do Tempo. De forma simples, traz para discussão temáticas complexas. A película deve ser assistida com um olhar aberto a novas perspectivas da existência humana.



BIBLIOGRAFIA

TAVARES, Monica . Fundamentos estéticos da arte aberta à recepção. ARS (USP), São Paulo, v. 1, n. 2, p. 31-43, 2003.

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